Gosto dos franceses porque mesmo quando insultam o fazem com
elegância…
Josephine Baker
O presente texto tem caráter educativo, elucidativo e visa
reforçar a fidalguia e o garbo dos leitores da mais fina estirpe deste
imperiódico digital, ao explicitar regras de etiqueta e boa conduta para os
momentos em que se faça necessário expor descontentamento e quiçá uma pontinha
de ira.
A despeito da nobreza do presente texto, sua alma intrínseca
é de natureza belicosa, podendo soar ofensivo à suscetibilidade de infantes
precoces que se encontrem lendo blogs de gente adulta. Destarte, será
necessário fazer clique sobre o quadro abaixo, a fim de trazer à luz a sabedoria
altiva de minhas humildes palavras.
Os termos não estão em nenhuma ordem especial. Fica como
dever de casa aos pretensos nobres e futuros representantes do garbo e da
sobranceria varonil organizar as informações em ordem lógica, com o fito de de
fixar as informações em seu córtex privilegiado.
Cu
Um nobre jamais fala cu. Ele sempre usará a forma culta que é
“ânus”.
Enfia no cu
Esta é uma construção frasal muito feia! O imperativo do
verbo na segunda pessoa torna a frase deveras chula, e seu uso só é desculpável
se for totalmente não intencional. Usar adrede o imperativo na segunda pessoa
arranha o garbo de qualquer um.
As formas preferenciais dessa construção são:
Enfie no cu.
Enfie no ânus.
Armazene no reto.
“Enfia no cu, eu nem queria mesmo” deve ser dito por nobres
mancebos e distintas senhoritas como “Armazene no reto, o referido mimo sequer
despertou meu mais ínfimo interesse”.
Vai tomar no cu
Para começo de conversa, atacar as possíveis preferências
sexuais de outras pessoas como se isso fosse algo detrator da personalidade do
antagonista é de extremamente mau tom, e ineficiente: hodiernamente não se sabe
se tal ordem será interpretada como ofensa ou como desejo de boa sorte.
Mais magnânimo e munificiente seria usar um insulto do tipo:
“que um mangalho te invada o reto causando dor, desconforto e humilhação, e nem
um átimo de prazer”.
Merda
Em vez de “merda”, indivíduos de fino trato devem referir-se
aos excrementos humanos como fezes!
Vá à merda
É preferível dizer:
Por gentileza, dirija-se às fezes.
Por favor, queira encaminhar-se aos excrementos.
Poderia fazer o obséquio de pôr-se em marcha rumo aos
detritos?
Foda
Referir-se ao ato sexual falando em “foda” não é adequado
para pessoas de impoluto proceder, de irreprochável educação.
Não me fode a paciência
Tal construção frasal deve vir aos lábios de alguém de
elevada estirpe numa forma semelhante a “não pratiques o coito com minha
pachorra” (favor poupar-me de rimas aludindo à zoofilia).
Filho da Puta
A classe desprivilegiada, ou seja, a que não lê este blog, vai continuar usando este palavreado chulo e misógino para atacar seus desafetos. Mas você, dotado de airosidade, cultura e zelo, vai passar a utilizar agora expressões como “rebento da profissional do sexo”, “descendente da meretriz”, “botão da marafaia”.
VOCABULÁRIO SUGERIDO
Abantesma: Assombração, figura que assusta, espectro. Pessoa
cuja presença causa desconforto, repugnância. Vem do grego phántasma.
Abjeto: é o indivíduo que inspira asco ou nojo, que dá
repulsa e que sugere narinas tapadas com dois dedos.
Abnóxio: inofensivo, inócuo.
Abodegado: sujo, porcalhão, imundo.
Bonifrate: Boneco articulado e movido para representar cenas. Pessoa dócil que age comandada por outro. Fantoche. A origem do termo é nebulosa, mas parece que seja derivada do latim: bonus + frater - bom irmão.
Abnóxio: inofensivo, inócuo.
Abodegado: sujo, porcalhão, imundo.
Bonifrate: Boneco articulado e movido para representar cenas. Pessoa dócil que age comandada por outro. Fantoche. A origem do termo é nebulosa, mas parece que seja derivada do latim: bonus + frater - bom irmão.
Concupiscente: Pessoa que tem desejo irrefreável pelo gozo.
Luxurioso, lascivo. Essa ânsia pode ser por bens materiais ou pela posse
sexual. Ou por ambas simultaneamente. Um concupiscente é voraz, tarado. O
conhecimento exato do termo, em alguns ambientes sociais, pode transformá-lo em
elogio. A palavra é latina.
Dendroclasta: Destruidor de árvores, agressor da natureza. Do
grego dendron - árvore - e klatos - quebrado.
Espurco: Sujo, sórdido, torpe, que vive na espurcícia. Vale
para o indivíduo que aprecia a imundície e se apresenta imundo. Usa-se, ainda,
para a pessoa moralmente suja. "Nasceu e cresceu num chiqueiro moral e é
tão espurco quanto o meio onde vive."
Futre: Do francês froutre. Homem desprezível, vil. Pode,
também, ser sinônimo de avarento.
Grasnador: Indivíduo que fala com voz desagradável, que grasna
como o corvo ou o pato.
Histrião: No antigo teatro romano o histrione era o
comediante que representava farsas. Designa o sujeito ridículo, farsante,
palhaço ou charlatão. "Foi eleito, mesmo sendo um histrião ou, talvez, por
isso."
Intrujão: Se um sujeito que se aproxima de um grupo e finge
participar de seus valores e atividades com o objetivo de enganar os seus
membros e obter vantagem para si próprio está cometendo uma intrujice.
"Quem iria desconfiar daquele intrujão golpista? Ele parecia o mais bonzinho
de todos..."
Jacobeu: Nome dado ao partidário de uma seita fanática que
apareceu em Portugal no século XVIII. Acabou designando um sujeito hipócrita,
falso.
Liliputiano: Baixinho como os habitantes de Lilipute. Em As
Viagens de Gulliver, o escritor inglês Jonathan Swift (1667-1745), descreve um
país imaginário, Lilliput, onde tudo era muito pequeno, inclusive os seus
habitantes. Aplica-se não apenas às pessoas de baixa estatura, mas aos que são
moral e intelectualmente reduzidos.
Misólogo: O que tem aversão ao raciocínio, à lógica, à
ciência. Do grego miséo - odiar + lógos - palavra, estudo.
Nóxio: Nocivo.
Obnubilado: O que tem o pensamento obscuro e lento.
Obnubilare, em latim, é "cobrir como nuvem". Emprega-se no caso da
incapacidade de enxergar com clareza. O obnubilado é o que está em campo
escuro, sem a luminosidade necessária à visão.
Peralvilho: Indivíduo que se veste para estar elegante e só
consegue ser ridículo. É o metido a elegante sem o ser. Janota, almofadinha.
Quebra-louças: Pessoa desastrada, que provoca confusão.
Réprobo: Perverso, malvado. Do latim reprobu.
Soez: Vil, reles, ordinário.
Traga-mouros: Homem brutal, violento.
Usurário: Usura é palavra latina para juro de capital. O
usurário é o que exige juros altos pelos empréstimos feitos a quem precisa de
dinheiro. Agiota.
Valdevinos: Pode ser vagabundo, um esperto que vive à custa
dos outros. Ou um doidivanas, amalucado. É derivado do nome próprio Balduíno ou
Valdovinos, um cavalheiro que aparece nos romances de cavalaria que, em séculos
passados, tornou-se popular. O personagem transformou-se em substantivo comum.
Xenômano: Que tem mania por tudo que vem do exterior. É o
oposto do xenófobo que despreza o que é de fora. A xenomania leva o sujeito a
gostar do ruim porque tem um rótulo estrangeiro e a menosprezar o melhor porque
tem um rótulo com texto em sua própria língua.
Zoantropo: Pessoa perturbada mentalmente que se sente
transformada em um animal. Vítima de zoantropia. Do grego zôon -ser vivo +
ánthropos - ser humano.